A loucura da anormalidade: a teoria do "filho da puta"
Todos nós sabemos que vivemos hoje tempos tão difíceis quanto estranhos, perigosos e anormais. Parece que nada bate certo naquilo que vamos vendo e ouvindo dentro e fora dos écrans da caixa negra, nas avenidas, praças e ruas por onde passamos - como zombies - nesta passagem breve pela vida.
Homens feitos raptam crianças para terem com elas relações sexuais perversas; um professor e ex-deputado do Psd chama "filho da puta" ao PM, Socas - que logo encontra uma zeladora de serviço que lhe protege a imagem e lustra o emergente culto da personalidade à boa maneira estalinista, embora com o verniz da democracia; a menina Madeleine desapareceu mas a sua busca envolve recursos em expertise, dinheiro, logística e nível de mediatização da comunidade internacional como nunca gozaram todas as crianças desaparecidas em Portugal nestes últimos 30 anos; MMendes parece que quer ser PM, Marcelo ainda alimenta o seu sonho a candidatar-se a Belém - talvez por isso não voltou a dar novo mergulho no rio Tejo para se abalançar a Lisboa nesta fase crítica para a Capital, como devia se tivesse sentido de missão e do dever público. Mesmo que fosse para perder..Nós cá estaríamos para aplaudir. O que seria previsível, porqu eMarcelo sempre que entra na política activa é para perder; quando faz análise conspira. Mas hoje são cada vez menos as pessoas que lhe dão crédito..
Em todas estas situações, muito díspares entre si, parece haver um traço comum: a anormalidade. Parece até que não valerá a pena falar nos princípios, na educação, na razão, na justiça, na liberdade, no common sense... Em vez disso parece que o mundo se inverteu, e de pernas para o ar - este mundinho só vomita: é Marcelo a dizer que Seara em Lisboa ganharia as eleições (pior anormalidade do que esta, só mesmo Marcelo ser PR..); é o mundo mediático, do dinheiro e da investigação a perseguir o invisível para recuperar a menina Madeleine quando em relação às crianças portuguesas não mexeu uma palha; é um tipo a chamar nomes à mãe dum político cometendo o grave erro de pensar em voz alta aquilo que os 10 milhões de tugas pensam em voz baixa da classe política em geral e por aí fora, os exemplos poderiam multiplicar-se por várias matizes.
Mas isto assim pouco ou nenhum sentido faz, pois deverá haver uma lógica subjacente a tudo isto. Uma razão dinamizadora para tanta anormalidade pessoal, política, social, etc - que ajude a explicar toda esta miséria, dor e loucura.
Até parece tratar-se duma conspiração da economia do lucro só para nos tramar: no caso de Madeleine os media vendem hoje mais jornais do que nunca; os jornalistas não perdem os seus empregos porque passam o tempo a reportar o óbvio; alguns injuriadores que chamam filho da p... ao PM parece até que estão feitos com S. Bento, pois assim o PM continua nas bocas do mundo e com elevados índices de popularidade nas sondagens, e a situação económica do País não é devidamente escalpelizada, como seria natural caso vivêssemos num mundo normal. Mas, de facto, não vivemos.
Dantes havia uma classe média, um mercado previsível, os políticos cumpriam os mandatos até ao fim - apesar de se tratarem por "filhos da p...", havia segurança, estabilidade e a natalidade era senão crescente - pelo menos fluía a ritmos constantes. Hoje, apesar do mundo post-industrializado e digitalizado que vivemos - não há nem segurança, nem emprego, nem riqueza por distribuir. Parece que a única coisa que sobra são mesmo os "filhos da puta": os das empresas que não produzem nem se tornam competitivos, os do fisco que cobram imensos impostos para as vantagens que o Estado oferece aos agentes económicos, aos media que nos enchem com notícias gratuitas e estapafúrdias num péssimo português e o mais.
Parece que o capitalismo de casino que temos não passa duma barriga de aluger flácida do post-Guerra Fria que hoje apenas serve para parir anormalidades e nos convencer de que isso é que é bom. E é este o mundo que temos, o mundo filho da puta. E por falar neles, os partidos políticos são cada vez mais obscuros, distantes e corruptos; o sector público uma obsolescência; o empresariado ainda aguarda pelo subsídio e empurrão do Estado; a classe média está a brasileirar-se e o Portugal contemporâneo tende a implodir aos solavancos.
Também aqui se encontra um traço comum: que parece ser a tal conspiração da economia de casino que alastra os seus tentáculos só para nos corroer e minar a confiança na sociedade. Ou seja, todas essas mutações alarves nos empurram para situações absurdas, uma espécie de darwinismo económico e social que faz com que uma simples directora de serviços zele pela imagem do PM porque alguém lhe chamou filho da p...; o mundo inteiro se mobilize porque desapareceu uma criança inglesa no "Allgarve" - porque se fosse uma criança portuguesa no Algarve era a GNR quem tratava da ocorrência de tacões e de cerveja na mão. Agora é que dava mesmo vontade de dizer um grande palavrão.. Daqueles muito grandes que não cabem aqui...Por isso, não digo.
Perante tanta anormalidade convenço-me de que o melhor é esquecermos que um dia fomos normais e vivemos num mundo normal. Hoje parece que só os sonhos e pesadelos são normais, porque quando se acorda e se vê a realidade percebemos bem o mundo "filho da puta" em que vivemos, completamente invertido.
E se assim é, aquele parto na imagem supra também passa a ser normal, quer dizer, anormal - porque isto é que passou agora à condição de normalidade neste Portugal dos caninos... _____________
Sobre a Persiganga política vale a pena também meditar nisto, aqui
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